25 de maio de 2012

Casório gay nos quadrinhos: com ou sem amor?


Os quadrinhos vivem um momento gay. Durante a semana, o mutante Estrela Polar, cuja orientação sexual já havia sido revelada há bastante tempo, se casou. E casou em uma cerimônia formal, bonita e com toda pompa e destaque que uma ocasião como essa merece. Seria tudo normal se Estrela Polar não fosse gay e não tivesse se casado com outro homem. Normal? Mas isso é normal, não é? Ou não?

Pois bem, o Estrela Polar já foi tema de uma resenha que eu fiz aqui no mucufo. O moço foi o primeiro herói a se declarar gay no universo dos Super-heróis. Depois dele outros apareceram, mas com pouco destaque. A minha opinião sobre esse casamento é a mesma que tenho sobre a inclusão de Estrela Polar no universo gay. A Marvel Comics não criou o Estrela Polar gay, mas ela o tornou gay muitos anos depois. É como se ela precisasse de um gay em suas fileiras para parecer politicamente correta, e então escolheu o mutante canadense para ser o seu "herói gay".
Para deixar bem claro o meu pensamento, Estrela Polar não é um gay que setornou um herói, mas um herói, hétero, que inexplicavelmente se tornou gay.
O casamento gay da Marvel chega em boa hora. Iso é fato. Mostra que os quadrinhos também podem ser uma arma contra o preconceito. É feito para crianças e adolescentes e pode ensinar mais do que socos, chutes e rajadas de energia. Porém, é muito estranho que a Marvel só agora tenha se pronunciado sobre o assunto, e que só agora tenha resolvido, finalmente, casar o Estrela Polar. Tendo em vista que o mutante se relaciona com seu parceiro há bastante tempo, não há um bom motivo para que ele não tenha se casado antes.
Me parece muito conveniente que a Marvel tenha assistido de camarote o primeiro casamento gay que aconteceu nos quadrinhos em uma revista da Archie Comics. O casamento foi publicado na revista Life with Archie. O soldado ferido no Iraque, Kevin Keller, personagem homossexual, se casa com um médico afro-americano, que conheceu no hospital. A revista foi um sucesso. Muito bem sucedida e bateu todos os recordes. Muitos meses depois a opinião pública aplaude o presidente americano Barak Obama que apoiou publicamente a união homossexual. Aí ficou fácil não é dona Marvel?
Nos dois casos o casamento, além de ser gay, foi interracial. Um homem branco e outro negro. Foi como levantar uma enorme bandeira contra qualquer tipo de preconceito. Palmas para as duas editoras que ajudam a formar uma nova geração de leitores mais engajados e menos preconceituosos. O que é bom, e conta pontos preciosos. O que me intriga é que isso não parece ser um ato de "amor" da Marvel. Não me parece que a editora abraça a causa, ela simplesmente usa a causa para vender mais. É lógico que esse é o objetivo final, vender revistas e torná-las interessantes o bastante para que sejam compradas por héteros ou por gays. Mas tudo está sendo feito de forma muito conveniente para a Casa das Ideias.
Não sou contra o casamento do Estrela Polar, mas acho que, apenas nesse caso, a necessidade de ser politicamente correta e de não remar contra a maré acabou fazendo a Marvel colocar o mutante no altar. A revista está vendendo bem, até demais para uma sociedade tão conservadora como a americana.
O que esperar da Marvel e do personagem Estrela Polar? Como a editora vai lidar com isso? Como ela vai mostrar o dia-a-dia do casal? A editora já teve problemas em manter casais heterosexuais como Reed Richards e Sue Storm, ou Peter Parker e Mary Jane. Talvez tenha problemas para manter esse novo casal, talvez não, mas o que vai mostrar se a Marvel está realmente se importando com o movimento gay e suas vertentes, é como esses dois personagens serão tratados daqui pra frente.
Será que a Marvel usou esse casamento para vender revistas e chamar atenção para a editora? Ou ela está realmente preocupada com o que está acontecendo no mundo de verdade? Pois bem, vamos aguardar as próximas edições.

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